Paul Meyer
(1960)
35mm/HD, p&b, som, 85 min
O controverso Déjà s’envole la fleur maigre de Paul Meyer, indiscutivelmente um dos filmes mais poéticos e políticos jamais feitos sobre imigração e trabalho, ganhou a admiração dos neorrealistas italianos, incluindo Rossellini, Antonioni e De Sica, durante a sua estreia em 1960 no festival internacional de cinema de Porretta Terme. O filme cujo título é retirado de um verso do grande poeta siciliano Salvatore Quasimodo, é um retrato íntimo de uma comunidade de trabalhadores migrantes pobres do Sul da Itália e das suas famílias, na cinzenta e sombria região mineira belga de Borinage. Misturando o realismo e o carnavalesco, Meyer expõe o tratado italo-belga de 1946 - uma troca de mão de obra italiana barata por carvão belga - como uma exploração cínica dos mais vulneráveis e excluídos da sociedade. No entanto, mesmo nesta paisagem infernal, Meyer encontra beleza nos rostos e vozes resistentes dos seus actores não profissionais, não só dos sicilianos mas também dos refugiados de guerra gregos e jugoslavos.
Già vola il fiore magro
Non saprò nulla della mia vita
oscuro monotono sangue.
Non saprò chi amavo,chi amo,
ora che qui stretto, ridotto alle mie
membra
nel guasto vento di marzo
enumero i mali dei giorni decifrati
Già vola il fiore magro
dai rami. E io attendo
la pazienza del suo volo irrevocabile.
(Salvatore Quasimodo)
O Cinema Fulgor agradece ao projecto Royal_Cine pela partilha das legendas em português, traduzidas por Ana Eliseu.