Noor Abed
PENELOPE
(2014)
16mm/HD, cor, mudo, 6 min
Inspirado na Odisseia de Homero, o filme analisa o papel e a relevância da mitologia para o presente e para o imaginário coletivo. Filmado na Palestina em 2014, a peça reimagina Penélope como uma figura feminina solitária, tecendo uma colcha feita de peixes mortos. Através de um gesto contínuo de costura, ela regressa simultaneamente a uma memória passada, evocando uma meditação pungente sobre a deslocação e a desapropriação. A obra tenta reflectir uma realidade diferente da que a história oferece. Aqui, o mito pode ser visto como um sonho coletivo e uma imaginação pública.
OUR SONGS WERE READY
FOR ALL WARS TO COME
(2021)
Super 8mm/HD, cor, som, 20 min
our songs were ready for all wars to come (2021) é uma constelação de cenas coreografadas, baseadas em contos populares da Palestina. Inicia-se com alguns minutos de escuridão e o som assombroso da voz de uma mulher. As perfurações do filme, ocasionalmente iluminadas por feixes de luz, destaca a natureza da obra como um documento mediado. A performance das mulheres estabelece ligações entre histórias latentes de poços de água e rituais comunitários associados ao desaparecimento, ao luto e à morte. A única narração do filme é uma canção, cantada pela cantora palestiniana Maya Khaldi. A sua letra é uma colagem de diferentes contos populares.
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A NIGHT WE HELD BETWEEN
(2024)
16mm/HD, cor, som, 30 min
O filme gira em torno de “Song for The Fighters”, que foi encontrada no arquivo sonoro do Centro de Arte Popular da Palestina. Através das diversas camadas da canção, num labirinto de sons e lugares, o filme evoca a História como um tempo presente contínuo, um acto coletivo e imaginativo.
O filme foi rodado em locais antigos da Palestina - grutas, buracos esculpidos, passagens subterrâneas e vales selvagens - a terra torna-se aqui a personagem principal. Atravessada a primeira camada de visibilidade revela-se um mundo vasto e oculto semelhante ao que conhecemos. Ao longo do filme, as cenas entrelaçam rituais e narrativas de comunidade e resistência, em representações quotidianas da vida social na Palestina, sublinhando assim o papel do movimento rítmico colectivo e o potencial impacto que os sentimentos partilhados podem evocar na criação e manutenção de uma comunidade.
O Cinema Fulgor agradece a Noor Abed, Haneen Sabbah, Michele Longo, Jana Hertel e a todas as pessoas envolvidas no Jantar Palestiniano Solidário. Os donativos reverterão para a Family Doctors Initiative, em Gaza. Por uma Palestina Livre!