NELLE MARGINE DELL SUD RURALE
Cecilia Mangini
O Cinema Fulgor mostra cinco filmes da cineasta italiana Cecilia Mangini (1927-2021): retratos poéticos e militantes de rituais em risco de desaparecer no sul rural, bem como vibrantes observações sobre a condição das mulheres e dos jovens proletários e desfavorecidos. No campo de batalha do cinema, o documentário era a sua arma.
LA PASSIONE DEL GRANO (1959)
Co-realizado com Lino Del Fra
16mm/HD, cor/ som, 11 min
Na região de Lucânia, na altura da colheita, o antigo ritual da Passione del Grano (a paixão do trigo) é ainda celebrado. Este documentário etnográfico esconde uma subtil condenação política das condições de trabalho dos agricultores e da sua pobreza no interior subdesenvolvido do Sul de Itália.
STENDALÌ (SUONANO ANCORA)
(1960)
16mm/HD, cor/ som, 12 min
Em Salento, no sul de Itália, mulheres vestidas de preto lamentam os mortos. Em Stendalì, Mangini retrata esta tradição num ritmo frenético, quase alucinatório, amplificado pela música vanguardista de Egisto Macchi.
MARIA E I GIORNI
(1960)
16mm/HD, cor/ som, 11 min
Retrato de uma mulher conhecida como Maria de Capriati, que vive numa quinta em Puglia. De carácter forte e impetuoso, não tem medo da morte e cultiva um laço profundo com a sua terra. Responsável pelo baptismo de Mangini, era considerada pela realizadora a sua madrinha.
LA CANTA DELLE MARANE
(1961)
16mm/HD, cor/ som, 12 min
Visão vibrante e sensual sobre a dissolução de fronteiras, La canta delle marane acompanha um grupo de rapazes que brinca à beira de um rio nos subúrbios de Roma. Toma a forma de um poema visual dedicado àquela zona periférica, que teve um papel importante nas narrativas de Pier Paolo Pasolini. Este filme inspira-se no romance de Pasolini, Ragazzi di vita.
ESSERE DONNE (1965)
16mm/HD, cor/ som, 30 min
Vítima da censura na altura do seu lançamento, este filme é um importante marco na filmografia de Mangini como o seu gesto mais radical no retrato da luta das mulheres operárias italianas. Uma forte e sincera investigação que antecipa o movimento feminista.
O Cinema Fulgor agradece a Carmen Accaputo, da Cineteca di Bologna, a Aurora Palandrani e a Milena Fiori, do Archivio Audiovisivo del Movimiento Operaio e Democratico, a Alessandro Vitto, de Videa, e a Daniella Shreir, de Another Gaze.